A Roda dos Alimentos vai ser revista até final de
2020, segundo o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável
(PNPAS), da Direção-Geral da Saúde (DGS), que prevê também um sistema de
rotulagem uniforme e mais fácil de entender.
Os responsáveis pelo relatório recordam que a
utilização de rotulagem nutricional simples e clara na parte da frente das
embalagens dos produtos alimentares «deve ser considerada como uma importante
medida a implementar no âmbito das estratégias para promover uma alimentação
saudável», recordando que Portugal «não apresenta ainda um modelo harmonizado
de rotulagem nutricional de caráter interpretativo».
A Organização Mundial da Saúde tem realçado – nos seus
planos de ação na área da nutrição e na área da prevenção das doenças crónicas
– a importância de melhorar os modelos de rotulagem nutricional refere o
documento, que sublinha o trabalho que tem sido desenvolvido no âmbito do
PNPAS, com a realização de alguns estudos que ajudem os técnicos na elaboração
de um modelo uniforme para a rotulagem dos alimentos fácil de interpretar.
«Atualmente, sabe-se que 40% da população portuguesa
não consegue compreender a informação nutricional presente nos rótulos dos
alimentos», indicam os responsáveis, que reconhecem haver ainda «pouca
evidência» sobre o modelo de rotulagem nutricional mais ajustado às
características da população portuguesa.
O relatório de 2019 do PNPAS lembra as medidas tomadas
no âmbito da alimentação saudável, designadamente a revisão do imposto sobre as
bebidas açucaradas, o acordo com a indústria para reduzir o sal, açúcar e
ácidos gordos trans em cereais, leites achocolatados, iogurtes, refrigerantes,
pão, batatas fritas e refeições prontas a consumir, entre outros, a legislação
sobre a publicidade alimentar dirigida às crianças e a revisão do cabaz de
alimentos do programa de ajuda a populações mais carenciadas.
O documento faz ainda um diagnóstico da situação
atual, recordando que os hábitos alimentares inadequados são um dos principais
determinantes da perda de anos de vida saudável pelos portugueses e que o baixo
consumo de cereais integrais, fruta e frutos oleaginosos são os principais
fatores que contribuem para a perda de anos de vida saudável.
Os autores do relatório frisam que a obesidade é um dos
mais sérios problemas de saúde pública, mas chamam a atenção para os dados mais
recentes relativos ao excesso de peso e obesidade infantil, que sugerem uma
tendência decrescente (de 37,9% em 2008 para 29,6% em 2019).